Tem uma coisa que não sai da minha cabeça desde domingo: o dedo indicador da Maria*, na horizontal, cortando o ar rapidamente diante do próprio pescoço. Foi o gesto que ela escolheu para explicar o que o marido faria caso ela declinasse de um almoço na casa de uns amigos dele.
– Não estou me sentindo bem desde ontem à tarde, depois da cerimônia de despedida da minha tia. Reunimos a família para jogar as cinzas dela no mar e hoje acordei com a cabeça estourando. – Então aproveita o domingo para descansar , eu disse. – Não posso. Tenho um almoço na casa de uns amigos do meu marido. – Mas se você não está se sentindo bem, não vá . – Se eu não for, ele me mata. Fomos interrompidas pela atendente da confeitaria, que colocou sobre o balcão uma caixa vistosa, que continha uma sobremesa
“Se eu não for, ele me mata.” “Se eu não for, ele me mata.” “Se eu não for, ele me mata.”